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BUSSACO

PROPRIA DOMUS OMNIUM OPTIMA

BUSSACO

PROPRIA DOMUS OMNIUM OPTIMA

21
Fev14

A SRª DO LEITE (JOSEFA D'ÓBIDOS)


Peter

 

Sim, de forma incrível desapareceu uma obra da autora, a pintura seiscentista que se podia admirar no Convento do Buçaco. Foi a expressão viva do seu talento e da sua arte que se consumiu na irresponsabilidade dos homens, na ignorância e na incapacidade de gerir bens públicos, na passada noite de Natal. O ladrão do fogo aproveitou a incúria e levou-nos um pedaço, o único que possuíamos, da talentosa pintora. Diz-se, através dum curto-circuito, numa época em que as pinturas deste valor, entre cinquenta e cem mil euros presume-se, estão protegidas contra este tipo de virus emtodas as sociedades que tem cultura e lei. Mas a protecção, por conta da fundação, foram uns plásticos sobre as telhas partidas mais de quatro meses, desde as primeiras chuvas! Não há pois mais nada do que a falha dos homens a permitir semelhante abuso e crime, negligenciando a devida protecção ao património comum, porque foi um naco desse acervo que nos foi levianamente roubado. Uma obra única, datada e assinada pela autora!

Dito isto, a responsabilidade deveria ser investigada e apurada num país zeloso daquilo que lhe pertence e satisfeito o direito dos proprietários, nós, às razões últimas do sucedido naquela noite evocativa do nascimento do Cristo. Mas na rotina da pátria a culpa morre solteira apesar da fundação gestora do espaço aparecer como primeira responsável pela obra de arte uma vez que conhecia a situação da frágil sacristia-depósito e a existência das telhas partidas sobre a tela. O que fez? Como se viu limitou -se a colocar uns plásticos sobre os buracos do sótão que não sobreviveram até à fatídica noite natalícia!

Tenho escrito muita vez que a Câmara da Mealhada de parceria com fundações só pode destruir o Buçaco. Infelizmente os factos vão confirmando a opinião com os estragos verificados ano após ano. O abandono de grande parte do arboreto, os atentados ao património, a utilização do espaço para brincadeiras de fraco gosto e agora esta inacreditável destruição da valiosa peça que era o quadro de Josefa de Óbidos são mais que suficientes para ilustrar as incapacidades da gestão. Mas para lá da destruição patente está a política dum Pilatos proprietário, o Estado Português, que coloca na mão de curiosos e da boa vontade de quem não tem condições para gerir, um espaço nacional que deveria caminhar para a classificação de património da Unesco. Por muito boa vontade que exista nos autarcas locais, falta à autarquia, á fundação politizada, às empresas apoiantes cuja responsabilidade pelo território não é nenhuma, a massa crítica capaz de fazer a gestão e o enriquecimento dum espaço que sendo nacional, deve obter do Estado a sua dimensão, a sua universalidade, a medida exacta do bem que é acervo da cultura colectiva dum povo. Só esse Estado lhe pode garantir condições e tamanho exigindo dos seus próprios serviços a qualidade necessária e o cumprimento de objectivos nacionais. O que passa disto cai no vazio da irresponsabilidade, com as dezenas de azevinheiros cortados pela raiz, a queda do cedro de S. José por falta de manutenção dos apoios ou o curto-circuito de Josefa de Óbidos. Mas também pelas enxurradas sobre o mau tratamento das encostas, pelos muros e capelas em ruínas, pelo desconforto das populações, pelas estradas intransitáveis, pela fuga do turista e o mais que se há-de ver.

Estrutura conventual nacionalizada no séc.XlX, foi propriedade do Reino, da República e trespassada a uma Câmara que a entregou por sua vez a uma fundação politica. Não admirará que um dia surja por aí em lista de bens públicos para trocar por divida, como já aconteceu! Por outro lado, o município da Mealhada, a prosseguir nas asneiras das Termas, continuará a cavar a ruína do património como a da riqueza, sobrepondo a pequenez das suas dimensões aos reais interesses do território que gere.

Quanto a Josefa de Óbidos e à Senhora do Leite, fica o espanto perante a fatalidade gratuita duma espécie de cromos seculares na cauda do continente. Responsabilidades? Inacreditavelmente também é um encolher de ombros sem rosto, uma máscara clara de imoralidade intelectual.                                                               Luso,Janeiro,014                   (Crónicas-JM,JANEIRO)

 

,

 

 

 

13
Jan14

JOSEFA D' ÓBIDOS (1630-1684)


Peter

 

 Na noite de Natal ardeu o quadro da Senhora do Leite

que se encontrava na sacristia da Igreja do Convento do

Buçaco. Ao que parece, chovia no local como na rua

e ninguém se lembrou da existência dum quadro da autoria

de Josefa de Òbidos, datado e assinado pela autora.

Na origem do desastre um curto circuito, mas nos dias de

hoje não há por toda a Europa quadros desta valia sem proteção

contra curto circuitos e incêndios , em muitos países obrigatório

por legislação adequada.

Nu Buçaco, Fundação e Câmara da Mealhada que lhe dá apoio,

não sabem do assunto e encolhem os ombros perante a perda 

irremediavel do património. Não há responsaveis pela destruiçao

dos bens públicos, uma curiosa maneira de estar  na gestão

do património comum.

Abaixo fica a memória da obra, cujo valor de mercado andaria

pelos oitenta , cem mil euros na pior das hipoteses.

 

 

 O quadro seiscentista que ardeu no Convento do Bussaco

 

                 QUEM FOI JOSEFA DE ÓBIDOS 

 

                            (1630 – 1684)

 

Nascida em Sevilha em 1630, veio para Portugal, país de onde era natural

seu pai, o pintor Baltazar Gomes Figueira, tendo sido

conduzida para o noviciado em Coimbra onde executa a sua primeira obra

de arte conhecida – a representação de Santa Catarina(1646).

Não se adaptando à realidade do convento, Josefa instala-se em Óbidos

e inicia uma intensa actividade na área da pintura, primeiro colaborando

com seu pai e, depois, autonomamente, granjeando bastante fama nacional

e internacional.

Sendo uma rara excepção à regra, quebrou muitos dos cânones de uma

sociedade predominantemente masculina, estabelecendo-se profissionalmente

como pintora. Não sendo a única mulher praticando esta actividade, Josefa foi,

contudo, um expoente, já que, de facto, a sua atitude perante a pintura não

era a de uma mera curiosa ou artífice, mas sim de uma verdadeira artista,

com capacidades criativas, um apurado sentido estético e um forte

domínio técnico.

O estudo da luz e dos contrastes que compõem a corrente proto-barroca

de matriz peninsular, intimamente relacionada com a pintura sevilhana e

madrilena, são marcas importantes no percurso e na definição artística de

Josefa d’Óbidos, colhendo ensinamentos na observação de obras de grande

vulto, ou directamente com os mestres, alguns deles ligados à sua própria família.

Zurbarán, Francisco de Herrera, Valdez Leal, André Reinoso e o próprio pai,

Baltazar Gomes Figueira, para além de mais remotamente Caravaggio,

são nomes que se associam à sua aprendizagem artística. Contudo, se Josefa

não supera alguns dos nomes mais importantes da pintura seiscentista peninsular,

acrescenta-lhe seguramente uma nova tónica, onde o misticismo doloroso,

algo violento e majestático dá lugar ao misticismo terno, tão bem representados

nos Meninos Salvadores do Mundo, com as suas vestes translúcidas, rendadas

e decoradas de pequenas jóias e flores, conferindo-lhe um carácter singelo;

mas que também pode ser intimista no caso das telas que representam o 

Senhor da Cana Verde ou a Toalha de Verónica (na Misericórdia de Peniche).

Esta ingenuidade aparente, que transforma as figuras sagradas em elementos

algo irreais é, no entanto, contrariada em obras de grande qualidade técnica,

surgindo naturezas-mortas e retratos de grande fidelidade. Note-se uma das

maiores obras-primas da pintura portuguesa de Seiscentos, o Retrato do

Beneficiado Faustino das Neves, actualmente patente no Museu Municipal.

Morreu em Óbidos, em 1684, com uma vasta obra produzida e espalhada pelo

país e estrangeiro. Muitas das suas obras desapareceram com o tempo, com a

mudança dos gostos artísticos e com o terramoto de 1755. Hoje a sua obra

encontra-se dispersa em organismos do Estado (museus, embaixadas, etc.),

em fundações, igrejas e em casas particulares.

O seu legado artístico tem vindo a merecer uma crescente atenção por parte

dos historiadores de arte e museólogos, registada nas exposições da Academia

Nacional de Belas-Artes (1942), no Museu de Arte Antiga de Lisboa (1949),

em Óbidos, na Igreja de São Tiago (1959), na Galeria Ogiva (1971) e no Solar

de Santa Maria (1984), na Galeria de Pintura do Rei D. Luís no Palácio da Ajuda (1992)

e, mais recentemente, no National Museum of Womem in Arts de Washington e

em Londres, no Instituto Italiano (1997), onde esteve patente, também,

a presente obra. 

(texto retirado no Catálogo do Museu Municipal de Óbidos)

  

05
Abr13

FUNDAÇÕES OU PALHAÇADAS?


Peter



No ano passado a gestão da Mata Nacional do Buçaco foi avaliada por iniciativa do Governo através duma comissão especialiazada e ficou-se pela nota mediocre de 44% .

Foi-lhe por tal motivo cortado o apoio com os dinheiros públicos, o nosso dinheiro !
Esta semana, numa visita do Sr. Secretário das Florestas, Gomes da Silva,  foi trazido um folar da páscoa á dita fundação.

Afinal, dando o dito por não dito, não sai dinheiro do

orçamento mas do município. Bom, o saco é o mesmo, mas desta vez é retirado dos municipes do concelho da Mealhada para gastar num bem nacional.

Mais, o Sr. Secretário de Estado afirmou confiar na gestão da Fundação.
Em que ficamos?

Há um ano atrás, avaliados por uma comissão e especialistasteve gestão medíocre, este ano, pela voz do Secretário de Estado das Florestas (Diário de Coimbra de 19/03/2013) obteve gestão de confiança

Da secretaria de Estado? Do ministério?
Afinal que palhaçada será esta?

 

27
Mar11

POSTAL ILUSTRADO


Peter

                                                                                                                            

Um velho postal ilustrado editado por Avelino Pereira,

da Figueira da Foz,mostrando as Portas de Coimbra

com as bulas papais e pessoas sentadas.

 

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