FETOS
Peter
Uma fotografia recente da Fonte Fria (2000)
ainda sem interveções das fundações.
Comentários para quê? Fica o registo.
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Peter
Uma fotografia recente da Fonte Fria (2000)
ainda sem interveções das fundações.
Comentários para quê? Fica o registo.
Peter
Na noite de Natal ardeu o quadro da Senhora do Leite
que se encontrava na sacristia da Igreja do Convento do
Buçaco. Ao que parece, chovia no local como na rua
e ninguém se lembrou da existência dum quadro da autoria
de Josefa de Òbidos, datado e assinado pela autora.
Na origem do desastre um curto circuito, mas nos dias de
hoje não há por toda a Europa quadros desta valia sem proteção
contra curto circuitos e incêndios , em muitos países obrigatório
por legislação adequada.
Nu Buçaco, Fundação e Câmara da Mealhada que lhe dá apoio,
não sabem do assunto e encolhem os ombros perante a perda
irremediavel do património. Não há responsaveis pela destruiçao
dos bens públicos, uma curiosa maneira de estar na gestão
do património comum.
Abaixo fica a memória da obra, cujo valor de mercado andaria
pelos oitenta , cem mil euros na pior das hipoteses.
O quadro seiscentista que ardeu no Convento do Bussaco
QUEM FOI JOSEFA DE ÓBIDOS
(1630 – 1684)
Nascida em Sevilha em 1630, veio para Portugal, país de onde era natural
seu pai, o pintor Baltazar Gomes Figueira, tendo sido
conduzida para o noviciado em Coimbra onde executa a sua primeira obra
de arte conhecida – a representação de Santa Catarina(1646).
Não se adaptando à realidade do convento, Josefa instala-se em Óbidos
e inicia uma intensa actividade na área da pintura, primeiro colaborando
com seu pai e, depois, autonomamente, granjeando bastante fama nacional
e internacional.
Sendo uma rara excepção à regra, quebrou muitos dos cânones de uma
sociedade predominantemente masculina, estabelecendo-se profissionalmente
como pintora. Não sendo a única mulher praticando esta actividade, Josefa foi,
contudo, um expoente, já que, de facto, a sua atitude perante a pintura não
era a de uma mera curiosa ou artífice, mas sim de uma verdadeira artista,
com capacidades criativas, um apurado sentido estético e um forte
domínio técnico.
O estudo da luz e dos contrastes que compõem a corrente proto-barroca
de matriz peninsular, intimamente relacionada com a pintura sevilhana e
madrilena, são marcas importantes no percurso e na definição artística de
Josefa d’Óbidos, colhendo ensinamentos na observação de obras de grande
vulto, ou directamente com os mestres, alguns deles ligados à sua própria família.
Zurbarán, Francisco de Herrera, Valdez Leal, André Reinoso e o próprio pai,
Baltazar Gomes Figueira, para além de mais remotamente Caravaggio,
são nomes que se associam à sua aprendizagem artística. Contudo, se Josefa
não supera alguns dos nomes mais importantes da pintura seiscentista peninsular,
acrescenta-lhe seguramente uma nova tónica, onde o misticismo doloroso,
algo violento e majestático dá lugar ao misticismo terno, tão bem representados
nos Meninos Salvadores do Mundo, com as suas vestes translúcidas, rendadas
e decoradas de pequenas jóias e flores, conferindo-lhe um carácter singelo;
mas que também pode ser intimista no caso das telas que representam o
Senhor da Cana Verde ou a Toalha de Verónica (na Misericórdia de Peniche).
Esta ingenuidade aparente, que transforma as figuras sagradas em elementos
algo irreais é, no entanto, contrariada em obras de grande qualidade técnica,
surgindo naturezas-mortas e retratos de grande fidelidade. Note-se uma das
maiores obras-primas da pintura portuguesa de Seiscentos, o Retrato do
Beneficiado Faustino das Neves, actualmente patente no Museu Municipal.
Morreu em Óbidos, em 1684, com uma vasta obra produzida e espalhada pelo
país e estrangeiro. Muitas das suas obras desapareceram com o tempo, com a
mudança dos gostos artísticos e com o terramoto de 1755. Hoje a sua obra
encontra-se dispersa em organismos do Estado (museus, embaixadas, etc.),
em fundações, igrejas e em casas particulares.
O seu legado artístico tem vindo a merecer uma crescente atenção por parte
dos historiadores de arte e museólogos, registada nas exposições da Academia
Nacional de Belas-Artes (1942), no Museu de Arte Antiga de Lisboa (1949),
em Óbidos, na Igreja de São Tiago (1959), na Galeria Ogiva (1971) e no Solar
de Santa Maria (1984), na Galeria de Pintura do Rei D. Luís no Palácio da Ajuda (1992)
e, mais recentemente, no National Museum of Womem in Arts de Washington e
em Londres, no Instituto Italiano (1997), onde esteve patente, também,
a presente obra.
(texto retirado no Catálogo do Museu Municipal de Óbidos)
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