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BUSSACO

PROPRIA DOMUS OMNIUM OPTIMA

BUSSACO

PROPRIA DOMUS OMNIUM OPTIMA

27
Jan13

OS TOMBOS DO BUÇACO


Peter

 

A gigantesca arranca jaz junto ao tronco do mais velho cedro da mata do Buçaco.

 

 

                   HISTÓRIA DE BENJAMINS  *               

 

                          A lgumas histórias da Fundação Buçaco tem que  ser contadas para termos uma noção do que é a instituição. Para começar, já não se duvida  que a  dita fundação tem as portas fechadas á freguesia do Luso. Chegaram, tomaram conta do bem como de um quintal de  sua inteira  propriedade, e criaram uma  barreira entre eles e a população local com agressividade, desprezo e antipatia. Neste momento,o incomodo é reciproco.E as pessoas que adoravam e adoram o Buçaco,vêm-no hoje doente, anorético, como  uma  cangrena a precisar de mudança e cura para voltar a ser como era ,um espaço aberto , sério  um recurso turistico de primeira grandeza do municipio e região.

                   Não é assim que a fundação vê o Buçaco. Não tem noção desta dimensão, vê-o como uma  paroquial agremiação de cultura ou folcklore com os pequenos problemas inerentes áquelas organizações. Falta-lhe pois capacidade de relativizar o que são o valor dos recursos que temos e por isso a  imagem global do Buçaco, a par da imagem das Termas do Luso, tem sido reduzida  e posta ao serviço dum simplismo onde as iniciativas se limitam a uso doméstico e de fraca qualidade para despertar mercados. Numa imagem acessivel, direi que o Buçaco passou a ser uma pérola adormecida. Além de divorciado da freguesia e do concelho, e repete-se aqui o controleirismo politico de que enferma a Câmara da Mealhada, desligando-se completamente duma co-habitação saudavel com o meio, a freguesia e as pessoas que no caso, são os primeiros socorristas do espaço em caso de calamidades .

              A fundação quer ser inimiga e competidora e não um aliado ou um complemento   do turismo local e concelhio como sempre foi a Mata do Buçaco. Leia-se a história da industria hoteleira a partir da construção do hotel da mata e  depois do palace hotel para se perceber a importância que teve nos primordios do turismo em Portugal e  como esteve desde esse inicio  perfeitamente inserido no meio, em consonânsia, ás vezes  não muito fácil, com a parte militar, a parte religiosa e a parte cultural. Hoje, ditatorialmente , excluiem-se as outras o que  anarquisa e falsifica as eventuais intervenções no espaço. Entregue por engano , irresponsabilidade ou clientelismo  politico a  quem pouco percebe da actividade, o perimetro da Mata está transformado numa loja onde tudo se paga para dar um passo e onde não se pretende dar nada em troca. Paga-se para entrar na floresta, para entrar no Convento, para procurar morcegos, observar peixes que não existem em  ribeiros que os não tem, por apanhar meia duzia de castanhas a quem as viu pelo chão no tempo delas,e outros disparates que afastam deste amadorismo saloio o turista sério e pagante, aquele que pode  verdadeiramente trazer valor acrescentado.  Brincar com os meninos das escolinhas locais depois contabilizados como turistas , para lá do encanto que pode trazer ás crianças, nada acrescenta nem tira á actividade hoteleira . Que o digam o Hotel do Buçaco e as unidades do Luso vitimas da crise mas também do mau desempenho buçaquino. Mas mesmo as crianças , usadas conforme a conveniência,não parece merecerem grande importãncia aos presumidos gestores de coisas publicas, como vou relatar a seguir.

              Uma das últimas histórias é esta:

              O Clube Desportivo local tem uma equipa de futebol de "benjamins" constituida por crianças com idades á  volta dos seis anos. Há cerca de um mês ,pouco mais ou menos, o treinador resolveu fazer um passeio  pedestre ao Buçaco com os 35 alunos que tem a escola e por uma questão de delicadeza quando passou pela sede disse ao chefe da fundação, que ganha milhares de euros mensalmente, ao que ia.O  dito chefe puxou pelos galões e por um  livro de recibos e exigiu ao professor a quantia de cem euros para poder brincar, saltar e correr com os miudos  no espaço dentro da Cerca. Iam a pé mas eram um grupo ! Espantado e depois indignado, o responsavel recusou-se a pagar e regressou ao Luso com as crianças. Isto diz bem da inimizade com que a fundação vê a freguesia e põe a nu a  ridicula e irresponsavel gestão da Mata do Buçaco bem como a febre de dinheiro de que enferma.

            Passou pouco tempo e caiu sobre  o bosque a tempestade que se sabe com os estragos que causou. Desorientados, os gestores pediram ajuda á população que desde o inicio vêm espezinhando, combatendo e enxotando, digamos assim, traduzindo a sua relação com o meio envolvente em prestação de serviços pagos e regateados. Para chegar ao cumulo de exigir  a um residente que ouviu o apelo á limpeza e foi com um carro puxado á mão buscar duas ramadas de eucapipto ao meio da estrada, o pagamento dessa lenha. Depois fecharam as portas com  correntes para evitar os roubos!

Estes factos  são indignos  de pessoas que estejam á frente dum espaço como o Buçaco ,porque a realidade é que não compreendem a dimensão do bem nem actuam  dentro dos interesses da freguesia.Quer queiram quer não a Mata é na freguesia administrativa do Luso. Nem entendem os interesses do municipio, nem da região centro , para não ir mais longe porque de facto a  Mata, tal como está, não tem capacidade para ir mais longe.

            Há  dois, três meses a esta parte,vinha a dita chefia a ser alertada por uma associação de defesa local para o facto do cedro de S.José não estar preso pelas espias de sustentação que há muitos anos o seguram  para  que não caia sobre a riba onde se apoia. Depois do aviso com a presença no local, nada foi feito pelo arranjo e reaperto dos cabos  de protecção da centenária árvore, supostamente a mais antiga da floresta plantada pelos carmelitas  descalços por volta de 1644 . Resistiu ao ciclone de 1941 e ruiu agora com a tempestade, não no tronco que se mantém hirto, mas nas ramadas onde faltaram as espias para aparar o corpo gigantesco.Tombaram e arrasaram a Ermida do mesmo nome, de S.José. Mandada construir por Manuel de Saldanha, Reitor da Universidade de Coimbra e combatente da Guerra da Restauração, em 1643 ,os  alicerces foram abertos em 3 de Setembro com a presença  do Reitor, ficou agora reduzida a pouco mais que cacos . Teriam as espias em falta sido suficientes para evitar o derrube ? Fica a dúvida , mas sabe-se da incúria do gestor responsavel pela Mata nada  tentando para repor a defesa contra  eventuais futuros dessastres. O que veio a acontecer.

           Na limpeza e serviços de recuperação do espaço, não conhecemos a presença do Ministério da Agricultura, tutela deste património, de modo que não custa acreditar que este trabalho de limpeza possa vir a  proporcionar mais prejuizos que o próprio temporal. É tempo de alguèm responsavel olhar pelo património que herdamos  das gerações anteriores , não com espirito de mercantil dum merceeiro de bairro, mas com a consciência clara  da matriz   cultural que a todos pertence e diz respeito. A Mata é Nacional.

Quanto a custos,chega de lamentações e peditórios que a madeira abatida pelo vendaval chega e sobra para recuperar o bosque nas devidas condições.


* Esta história não se passou assim. De facto a informação  sobre a visita foi efectuada telefónicamente e o pagamento da mesma exigido pelo telefone. Com a exemplificação prática aqui relatada, dá-de melhor ideia da filosofia que está por trás da fundação.

23
Jan13

DESTRUIÇÃO


Peter

 

 Imagem do Cedro de S.José ,plantado em 1628 . Lutando contra o vento,

o velho leão segurou-se no tronco mas não na copa que lhe voou. Estava 

há tempos desprotegida porque se lhe partiu a espia de aço que a  sustentava.

Apesar de avisada a fundação nunca quis saber do doente e o resultado

está á vista!!!!!

N ão é a primeira vez que a Mata do Buçaco é destruída por causas naturais. De facto, o terrível ciclone de 15 de Fevereiro de 1941, ainda na memória de poucos sobreviventes, entrou na floresta com idêntica violência e causou graves prejuízos abatendo centenas de árvores. Quem de direito, no caso o Estado português, ressuscitou-a replantando e levando a cabo as obras de reconstrução e o tempo alongou-se por anos e anos para dar o tempo necessário á natureza para se regenerar.

Não sabemos se irá acontecer o mesmo desta vez, esperemos que sim, que os responsáveis e os que aqui acorreram para fins do seu próprio prestígio e arranjos de fundos comunitários e outras bem parecenças, estejam á altura dos acontecimentos.

Nós, os que escrevemos estas linhas sem o cartão partidário, não temos força para exigir, somos uns pobres de Cristo quer na cidadania, quer na consideração que o poder instituído, a democracia, tem por nós, para além da medida em que servimos para lhe encher os bolsos. Por tal motivo não há muito mais a dizer, para lá do choradinho habitual, para lá da estranha ditadura democrática em que vivemos.

Numa página dessa também estranha coisa que se chama facebook deixei uma nota pessoal ainda a quente que vou deixar aqui transcrita a frio. Diz assim:

“Á maneira pouco cuidada com que tem sido tratada pela fundação a Mata Politica do Buçaco, mas que na verdade é uma Mata Nacional, juntou-se a violência das forças da natureza como que a completar o serviço. Castigo, diriam frades, se existissem.

 Os paroquianos da política porém choram sobre a sobranceria, a arrogância e as habilidades das gestões da curiosidade confundida entre bosques e cimento. Diga-se que dos 44% da avaliação da gestora, ela terá a responsabilidade dos mesmos 44% que lhe são devidos pelas brincadeiras que  vão levando a cabo.

A Mata vai continuar a ser amada da mesma maneira por quem verdadeiramente a ama, se é que se pode amar uma Mata. Mas não é o soldo, nem o cartão partidário nem o oportunismo que amam a Mata do Buçaco. Quem a ama é a população da freguesia a quem ela é recusada. Aqueles que se lembram ou sabem do ciclone de 41. Os turistas bem informados por livros de todo o mundo. Ingleses militaristas com a fobia das guerras, ambientalistas, caminheiros, monges até os que, crentemente, recalcam a Via-sacra.

 Hão-de chorar com o sentimento do amor ás coisas simples, ao berço, ás plantas, ao silêncio. Os mangas-de-alpaca, por outro lado, hão-de chorar o sentimento do metal, do partido, da regalia, do desenrasca. Fazem-me rir as lamúrias dos milionários!

Porque a Mata, todas as Matas, por mais estima que se lhes possa dedicar, estão sujeitas aos rigores da natureza, á destruição pelas  forças que nos superam a vontade e muitas vezes a vida.

Se for recuperada por quem sabe destas coisas, felizmente este país já forma engenheiros na matéria, há-de regenerar e voltar a ser o que era.

O tempo, o saber, o amor e a profissão farão o milagre natural, não se dúvide e mais e melhores cuidados de futuro podem ajudar a conservar o património agora destruído.

Os arbustos cortados, o chão rapado e arroteado, as regueiras entupidas, os cortes desenfreados de árvores, as clareiras abertas, o cedro de S. José ao abandono partido que foi o suporte de aço que o sustentava á anos, as ribeiras obstruídas, a proibição de entrada no bosque dada aos primeiros socorristas do espaço que são os moradores da freguesia, a criação de anticorpos entre a gestão e os naturais, deram a todo o processo da Mata Nacional do Buçaco um ar de intrusão e posse de muito pouca sensibilidade para o coberto e para os humanos.

Mas não foram estes factos que destruíram a Mata, tal como em 1941, foi o ciclone, o vendaval, a tempestade, porém, não pode passar em claro uma advertência, se a gestão fosse profissional, cuidada e de sabedoria, bem poderia ter sido mais reduzida a dimensão dos estragos provocados.

Tal e qual como aquela história dos azevinheiros no inicio do mandato, também ali, se houvesse uma gestão com um mínimo de bom senso, dezenas de azevinheiros, árvore protegida, não teriam sido cortados pelo tronco rente á terra mãe e não teríamos assistido ao branqueamento de mais um crime entre os muitos digeridos pelo discricionário poder.

Nesta conformidade faço votos por uma rápida recuperação da floresta do Buçaco, mas duvido que seja feita com alguma eficiência e conhecimento pela mão da gente que ali opera. O que será pior que o desastre da natureza. É uma opinião pessoal.

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